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HISTÓRIA CLUBE ITAJUBENSE
CAPÍTULO 02

A história relatada nestes textos foram tira da do livro "Conversa Centenária - A História dos 100 anos do Clube Itajubénse - De: Fernando Antônio Xavier Brandão". Por ser muito extenso, foram divididos em capítulos separados e para facilitar ao leitor em sua pesquisa e leitura.

Segue abaixo os índices dos capítulos e para acessa-los basta clicar num dos links.

INDICE

CAPÍTULO 01  - Dos sonhos à realidade .............................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 02  - Consolidação I e II....................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 03 - A primeira das instalações...........................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 04 - Adm. do clube em seus primeiros 50 anos ......CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 05 - Pausa histórica na madrugada 10/jul/1947......CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 06 - Adm. do clube nos últimos 50 anos................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 07 - Pontos altos da história do clube..................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 08 - Entre eventos, teceram-se acordos..............CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 09 - Os carnavais do Clube Itajubense.................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 10 - Os bailes de debutantes.............................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 11 - Sede campestre........................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 12 - Fatos curiosos..........................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 13 - Apoio inestimável......................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 14 - Festividades e planos futuros......................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 15 - Aplausos finais..........................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 02


CONSOLIDAÇÃO I


"A commissão de syndicancia, abaixo-assignada, é de parecer que sejão acceitos os cidadãos acima propostos, visto reunirem os requisitos necessarios."

Itajubá, 29 de junho de 1897.

Antônio Candido Rennó, Balduino Vieira Salgado, Henrique de Souza."

15 de junho de 1897, foi a Reunião de Posse da Primeira Diretoria e de Inauguração da Primeira Sede Social. Esse 15 de junho seria, por muitos anos, considerado como a data do aniversário do Clube e lembrado em muitas comemorações anuais, onde não faltariam sessões solenes, números artísticos e bailes concorridos.

O endereço da casa que o clube ocupou, temporariamente, com a sua Primeira Sede Social, perdeu-se no tempo. As atas não registravam endereços. Essa casa alugada, cujos custos de adaptação, também, não foram registrados, foi utilizada até fins de 1898. Na sessão festiva de inauguração da Primeira Sede Social e de Posse da Primeira Diretoria só compareceram os sócios fundadores. Destacaram-se os discursos bem elaborados, entre eles o do Presidente Dr. Luiz Rennó:

"O Dr. Presidente em breve e bonita allocução dirigida a assembléa disse que congratulava-se com o povo de Itajubá pela criação e inauguração do Club Litterario e Recreativo, tendo designado o dia 15 para aquele fim, em homenagem a uma das datas mais notaveis de Minas e agradecia a honra de ter sido o escolhido para Presidente de tão ilustrada associação, confessando jamais deixar de corresponder esse deposito de confiança, concluindo em pedir o valioso concurso de todos os patriotas para o progresso do "Club" por ser uma das mais importantes associações que terá de produzir bons fructos para nossa sociedade". Discursou, ainda, o orador oficial José Manso Pereira Cabral, que "produsiu um brilhante discurso alusivo ao acto, discorrendo proficientemente sobre tão importante acontecimento".

O Presidente nomeou a Comissão de Redação do Regimento Interno. Ela foi constituída pelos sócios Dr. José Manoel Pereira Cabral, Dr. Antônio Maximiliano Xavier Lisboa, Comendador Frederico Schumann, Coronel Joaquim Francisco Pereira Júnior, Cônego Antônio d'Almeida, Capitão Luis Antônio Pinto de Noronha e Custodio Leite de Araújo.

Em 29 de junho de 1897, realizou-se a primeira reunião ordinária da Diretoria, empossada no dia 15 de junho. Os sócios Alberto de Noronha, Melchiades Pinto Bonifacio e Candido Pereira dos Santos apresentaram a primeira proposta de admissão de novos sócios. Foram eles:

Antonio Luiz Pinto Noronha, Luiz Noronha Neto, Leonino Schumann, Tertuliano Rodrigues Pereira, Arthur Grillo e Joaquim Lopes Guimarães.

O Presidente Dr. Luiz Rennó, em obediência aos Estatutos, enviou a proposta à Comissão de Sindicância, dentro da reunião. Esta reuniu-se, em sala ao lado, tornada secreta, e deu o seguinte parecer por escrito:

"A commissão de syndicancia, abaixo-assignada, é de parecer que sejão acceitos os cidadãos acima propostos, visto reunirem os requisitos necessarios.

Itajubá, 29 dejunho de 1897.

Antonio Candido Rennó, Balduino Vieira Salgado, Henrique de Souza,"

Em vista do parecer, o Presidente "poz a votos um por um dos novos propostos, sendo todos approvados por unanimidade. O Dr. Presidente, em seguida, declarou acceitar os novos propostos e ordenou ao Snr. Secretario para officiar aos mesmos". Efetivamente, o clube demonstrava, desde a primeira admissão de novos sócios, o maior zelo, como ordenava seus rigorosos Estatutos.

Foi aprovada a primeira despesa, no valor de trinta mil reis mensais, para custear o fornecimento de café ao clube. Esse valor seria mais tarde aumentado, para que fosse evitado o trabalho do Bibliotecário e servente ir buscar os bules de café, no estabelecimento responsável pelo fornecimento. Com o aumento do preço do contrato, o fornecedor faria a entrega no recinto do Clube. O Presidente comunicou, ainda, a contratação do Sr. Antônio Santos Bretanha, para Bibliotecário, o primeiro empregado do Clube, sendo que seu salário seria mais tarde definido, de acordo com a receita do clube.

Na segunda reunião ordinária da Diretoria, realizada em 31 de julho de 1897, ocorreu a admissão do primeiro sócio residente fora de Itajubá. Com o mesmo rigor da primeira admissão, nesta reunião foram aprovados Dr. Américo da Silva e Oliveira, Pedro Bouche de Boucherville, João Ribeiro dos Santos, Antônio José Nunes Junior e Amadeo de Queiroz, residente em Pouso Alegre. Mais tarde o Sr. Amadeo de Queiroz enviou atenciosa carta à Diretoria, agradecendo a sua escolha para Sócio, mas declinava da homenagem, visto "não conhecer os estatutos da nova agremiação". Essa primeira renúncia de associado foi o resultado da falta de experiência dos sócios fundadores. Onde já se viu homenagear um cidadão de cidade vizinha, com o título de Sócio, sem ao menos questioná-lo se desejava ou não entrar para a entidade?

Ainda na reunião de 31 de julho de 1897, foi discutido o Regimento Interno, proposto pela Comissão encarregada de sua redação. O Regimento Interno seria novamente apreciado, na Terceira Sessão Ordinária, do dia 2 de agosto. O destaque histórico da Quarta Reunião Ordinária da Primeira Diretoria, realizada em 3 de agosto de 1897, foi a aprovação do primeiro sócio correspondente do clube. Tratava-se do Sr. Antônio Mendes de Brito, proposto pelos sócios: Candido Prado, Eusébio Pereira e Olympio de Magalhães. Não há registro da cidade de moradia do Sr. Brito.

Nessa Quarta Reunião Ordinária, após terceira e última discussão, foi aprovado o Regimento Interno do Clube. A seguir, a Diretoria aprovou a TABELA de PREÇOS para os jogos, que constavam do Regimento Interno.

- Voltaret, até dez réis o tento.

- Solo, até cinqüenta réis o tento.

- Manilha, até vinte réis o tento.

Foi apresentado, ainda, na mesma Reunião, o primeiro balancete do clube, pelo tesoureiro Eusébio Pereira, cobrindo o período desde a fundação, em 17 de maio, até 31 de julho de 1897:

Receita: 564 $ 000 (quinhentos e sessenta e quatro mil réis)

Despesa: 534 $ 650 ( quinhentos e trinta e quatro mil, seiscentos e cinqüenta réis)

Saldo : 29 $ 350 (vinte e nove mil, trezentos e cinqüenta réis)

Foi feita inscrição para a primeira conferência no clube. O sócio e secretário Candido Prado solicitou a palavra e disse:

"Sendo um dos fins do "Club" O desenvolvimento das lettras, das sciencias e das artes, por meio de conferências, pedia permissão para inscrever-se como orador da primeira que deverá realizar-se no dia 29 do corrente, conforme preceituam os Estatutos, escolhendo a EDUCAÇÃO E A INSTRUCÇÃO para these da referida conferencia".

Na quinta reunião ordinária da primeira diretoria, realizada em 31 de agosto de 1897 foi admitido o primeiro sócio honorário do clube, o professor Luiz Gonçalvez da Silva Peçanha, de Ouro Preto. O presidente, nessa reunião, nomeou uma comissão, composta dos sócios Capitão Luiz Antonio Pinto Noronha, Santos Lima e Candido Prado, para organizar o programa das “theses litterarias” que seria apresentadas aos domingos. Já havia sido feita a segunda inscrição para o pronunciamento de outra conferência, pelo sócio José Manso Pereira Cabral, para o último Domingo de setembro, sob o título “SCIENCIA”.


CONSOLIDAÇÃO II


"O Presidente Dr. Luiz Rennó declarou o Clube instalado no novo prédio, recomendando que fosse nele observado o seu Regimento e suspendeu a sessão."

Secretário Calixto de Paula Cesar, em ata de 1º de novembro de 1898.

A Corporação Musical União dos Artistas compareceu com instrumentos reluzentes, polidos com o maior cuidado, aos festejos de inauguração da Segunda Sede Social do Club Litterario e Recreativo Itajubense. Era o 1º de novembro de 1898, Dia de Todos os Santos, intencionalmente escolhido para trazer um futuro abençoado à agremiação. Agora, a Sede Social estava magnificamente instalada, no belo casarão da esquina das Ruas Tenente Viotti e Marquês de Herval, de frente para o Largo dos Passos. Os uniformes dos músicos, cuidadosamente engomados, haviam sido revisados à exaustão pela Nhá Francisca. Não faltava nenhum enfeite nos apliques de cordões dourados das túnicas e todos os botões haviam sido vistoriados pela famosa passadeira e engomadeira.

Era a primeira vez que a União dos Artistas se responsabilizava por sarau musical de tal magnitude, com a presença da fina flor da sociedade itajubense. Senhoras e senhorinhas, em longos vestidos e graciosos chapeuzinhos, abanando-se, nervosamente, com rendados leques, acompanhavam os sócios do Clube, em seus melhores trajes, com impecáveis gravatas pretas de seda e lustrosos borzeguins domingueiros.

Era a primeira vez, também, que as mulheres participavam de uma sessão solene do Club Litterario e Recreativo Itajubense pois, na antiga Sede Social, só haviam prestigiado as tardes domingueiras, de longas e sonolentas Theses Litterarias.

Moço de valor o Dr. Luiz Rennó. Bacharel em advocacia, político animado e criativo, vereador e atual Agente Executivo Municipal, vinha conquistando, dia a dia a admiração dos seus conterrâneos com decisões de vanguarda. Primeiro, fora o grande incentivador para a criação do Club Litterario e Recreativo. Depois, conseguira constituir e instalar o clube, em sua primeira sede social, modesta e pequena, é verdade, mas que atendera perfeitamente aos primeiros meses de existência, até que fosse mais expressivo o numero de sócios, além dos sessenta fundadores. O Dr. Luiz soubera pisar firme. Com os pés no chão. Agora, faltando somente dois meses para terminar seu mandato de Presidente da instituição, demonstrara ousadia e lutara, obstinado, para que o Clube tivesse uma sede social a altura da sua vocação! Não se importara em ceder casa de sua propriedade, de magnífica arquitetura, espaçosa e de sólida construção, para que nela se instalasse o Clube, com toda a dignidade.

A descoberta do registro da Inauguração da Segunda Sede Social, entre antigas atas, veio corrigir uma distorção histórica, segundo a qual, desde o princípio, o Clube teria sido localizado no local da Sede Social atual.

Na realidade, a Primeira Sede Social, inaugurada em 15 de junho de 1897, ocupou casa alugada, cujo endereço não foi registrado. Sua localização está perdida na história da cidade, sempre de curta memória.

Somente em 1º de novembro de 1898, quase um ano e meio depois da inauguração da Primeira Sede, seria inaugurada a Segunda Sede, esta sim, em casa alugada ao Dr. Luiz Rennó, no exato local onde se conserva até hoje.

A instalação da nova Sede foi precedida de um certo tumulto, nos registros de atas de reuniões da Diretoria. O que teria acontecido? Com efeito, o rigor que era observado, de repente, deixa de ser mantido e desaparecem os registros, no livro de atas, entre 31 de julho (registrado erroneamente como mês de junho) e o 1º de novembro de 1898. Três meses, sem uma só notícia! Não sabemos o que aconteceu, pois as atas posteriores não fazem nenhuma menção retroativa.

Fica comprovada a inauguração da Segunda Sede pelos termos da Ata de 1º de novembro de 1898. E a inexistência de qualquer outra ata posterior, fazendo referências a novas instalações, comprova que o local atual é o endereço final da Sede Social do Clube.


Grupos de associados posam para a objetiva do fotógrafo, depois da inauguração da 2ª Sede do Club Literario e Recreativo Itajubense, em 1º de novembro de 1898.


2ª Sede Clube Literario e Recreativo, em novembro de 1898


A fachada principal do casarão, alugado ao Dr. Luiz Rennó, era simétrica, em relação à porta central e dividida em três painéis, separados por saliências, correspondentes a colunas.

No primeiro e terceiro painéis estavam dispostas duas janelas em cada um, com vergas curvas e de elaborado acabamento arquitetônico. O painel central possuía a porta única de entrada, centrada, no mesmo estilo das janelas, com postigos recuados, e duas janelas, uma de cada lado dessa porta de entrada.

A construção ficava no limite da calçada e alguns degraus permitiam o acesso ao interior do casarão. O telhado era de duas águas e a fachada possuía um frontão, ocultando a visão do telhado. Bem no alto e bem no centro do frontão, foi pintada a palavra "Club". Ao alto de cada um dos três painéis, em seqüência, foram pintadas as palavras "Lltterario", "e Recreativo", "Itajubense".

As saliências das colunas, as molduras das janelas e da porta e o frontão do telhado eram pintados de branco. É possível que a cor do restante das paredes fosse ocre.

A fotografia mais antiga da sede do "Club" deve ter sido tirada em data próxima à de sua inauguração, em 1º de novembro de 1898. Grupos de associados, em trajes domingueiros, estão posados para a velha câmara fotográfica. Na foto, observa-se que o Largo dos Passos já vinha sendo ajardinado. Comprova-o a cerca de arame farpado, bem visível, com dez fios, protegendo gramados e canteiros novos da devastação, que poderia ser causada por animais de montaria e tração.

Vivia-se o Governo do Presidente da Câmara e Agente Executivo Municipal Dr. Luiz Rennó, que substituíra o demissionário Dr. José Carneiro de Resende, em fevereiro de 1898. Mais um motivo para as obras do Largo dos Passos! O Presidente do Clube Itajubense e o Agente Executivo Municipal eram, coincidentemente, a mesma pessoa!

O "Palácio da Princesa" - largo dos passos - 1898


Residência do Sócio Capitão João José Rennó, depois "Gymnasio de Itajubá".


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