GALERIA DE IMAGENS
HISTÓRIA CLUBE ITAJUBENSE
CAPÍTULO 07

A história relatada nestes textos foram tira da do livro "Conversa Centenária - A História dos 100 anos do Clube Itajubénse - De: Fernando Antônio Xavier Brandão". Por ser muito extenso, foram divididos em capítulos separados e para facilitar ao leitor em sua pesquisa e leitura.

Segue abaixo os índices dos capítulos e para acessa-los basta clicar num dos links.

INDICE

CAPÍTULO 01  - Dos sonhos à realidade .............................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 02  - Consolidação I e II....................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 03 - A primeira das instalações...........................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 04 - Adm. do clube em seus primeiros 50 anos ......CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 05 - Pausa histórica na madrugada 10/jul/1947......CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 06 - Adm. do clube nos últimos 50 anos................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 07 - Pontos altos da história do clube..................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 08 - Entre eventos, teceram-se acordos..............CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 09 - Os carnavais do Clube Itajubense.................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 10 - Os bailes de debutantes.............................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 11 - Sede campestre........................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 12 - Fatos curiosos..........................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 13 - Apoio inestimável......................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 14 - Festividades e planos futuros......................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 15 - Aplausos finais..........................................CLIQUE AQUI

CAPÍTULO 07


PONTOS ALTOS DA HISTÓRIA DO CLUBE

"Que pretensão tentar definir os quatro momentos mais marcantes da História do Clube, em um século de sua existência. Naturalmente, que houve milhares deles. Houve momentos de brilhante oratória e de convincente argumentação, esgrimidas entre extremados contendores à frente de atentos e passionais ouvintes. Houve momentos de grande tensão, entre decisões de mestres do consenso e da reconciliação. Houve momentos de enlevo, proporcionados pela leveza diáfana de esguias bailarinas. Houve momentos de magia, em vozes infantis, com versos de amor, que provocaram lágrimas incontidas. Houve momentos de grande esplendor, no desfilar de vestidos brancos bordados de meninas debutantes, escondendo tímidos e disparados corações. Houve momentos de grande virtuosismo de músicos e suas orquestras, em bailes inesquecíveis. Houve momentos de desejos e paixões, de rancores e invejas, de juras trocadas e de perjúrios de amor, entre paredes alcoviteiras, hoje testemunhas esclerosadas de instantes já esquecidos. Como selecionar, em cem anos de História, quatro momentos mercantes? O autor deste livro os escolhe, entre aqueles de grande inspiração de administradores, que proporcionaram profundos resultados para o futuro da entidade. Marcantes, pois conseguidos quase a sangue. Marcantes pelas corajosas decisões, que visaram somente benefícios para o Clube!"

F.Brandão

 

1 - A COMPRA DO CASARÃO DO DR. LUIZ RENNÓ, PARA INSTALAÇÃO DA SEGUNDA SEDE SOCIAL DO CLUBE

Na Assembléia de 4 de fevereiro de 1906, presidida por Abel Pereira dos Santos, o grande passo foi dado, em prol da sede própria. A Comissão Especial, composta por Dr. Luiz Rennó, Presidente Abel Pereira dos Santos e Luiz Dias Pereira (Relator) apresentou o seguinte relatório:

"... disse que juntamente com seus colegas de commissão havia envidado todos os esforços para corresponder à boa vontade em uma confiança illimitada nelles depositada, formulando o projecto que tinha a honra de offerecer e que se não estivesse na altura do justo fim a que se pretende a associação, ao menos serviria de prova de que a commissão não esquece de seus deveres, concorrendo, na altura de suas forças, para o progresso e engrandecimento do Club, que muito recomenda a bella cidade de Itajubá."

PROJECTO:

"Projecto de Empréstimo até a quantia de 15 contos de réis destinada à construção de um prédio para o Club Litterario e Recreativo Itajubense.

Art. 1º - Fica a Directoria do Club Litterario e Recreativo Itajubense autorizada a contrahir um empréstimo até a quantia de quinze contos de réis (15.000 000) destinada ao fim especial de adquirir um terreno e nelle se construir um prédio apropriado à sua instalação.

Art. 2º - O prazo do empréstimo será no máximo de quinze annos, a contar de 1º de janeiro de mil novecentos e sete.

Art. 3º - Fica a Directoria igualmente authorizada para garantir o valor desse empréstimo a dar em hypotheca, não só os valores ou bens do Club, como o prédio a construir-se e o respectivo terreno.

Art. 4º - O valor do empréstimo será dividido em 150 ações ou títulos nominativos ou ao portador, a juízo da Directoria, no valor de cem mil réis (100$000) cada um, vencendo os juros de 6% ao anno.

Art. 5º - O valor do empréstimo será amortizado annualmente, por sorteio, com o saldo líquido do Club, verificado depois de approvadas as contas pela Assembléia Geral.

Art. 6º - Os juros serão pagos tambem annualmente, no dia 31 de dezembro."

O projeto foi aprovado.

Uma decisão inusitada do Presidente Abel Pereira dos Santos resultou na localização atual da Sede Social, que tanto nos orgulha.

Homem de grande poder de decisão e muito respeitado pelos seus rígidos princípios, Abel Pereira dos Santos, comprou a casa do Dr. Luiz Rennó, onde o Clube já estava instalado!

Estava autorizado e com o dinheiro para comprar um terreno e nele construir o prédio do Clube. Prático e intrépido, em vez de terreno e construção, comprou a casa pronta.

Comunicou o Presidente, na reunião de 15 de dezembro de 1906, que em virtude da autorização que lhe dera a Assembléia Geral de fevereiro de 1906, fez aquisição do prédio onde funcionava o Clube, "(... ) de propriedade do Excelentíssimo Senhor Dr. Luiz Rennó, por achar neste contrato melhores vantagens para a sociedade, do que adquirir terreno e nele construir-se."

Efetuara a compra do aludido prédio pela quantia de doze contos de réis, com três contos de entrada, pagos no dia 30 de dezembro de 1906, e o restante a ser pago em novo prestações anuais de um conto de réis cada, incluindo juros de 6% anuais, sobre o total da dívida.

Depois de aprovada a compra feita pelo Presidente, a Diretoria achando que eram urgentes algumas melhorias nas instalações de água e esgoto, além de reparos diversos, delegou ao Presidente a contratação desses serviços, com a brevidade possível, bem como gastar 50 mil réis, com os reparos do piano.

Administrador decidido e confiável, o Presidente Abel Pereira dos Santos!...


2- A GRANDE REFORMA - ACRÉSCIMOS DO 2º PAVIMENTO E DA FACHADA, À FEIÇÃO DO PALÁCIO PETIT TRIANON DE VERSAILLES.

Foi em 23 de maio de 1924, durante a Presidência de José Mana Afflalo que, pela primeira vez se registrou a idéia de reformar o prédio da Sede Social, acrescentando-lhe o 2º pavimento.

Na Assembléia de 14 de junho de 1924, o Presidente José Maria Afflalo, oficializou pedido de empréstimo de 50 contos de réis, após a seguinte Exposição de Motivos:

"Ilustres Consócios,(...) Itajubá, a nossa encantadora cidade, vai-se desenvolvendo de uma maneira assombrosa, em todos os ramos da sua actividade. Diariamente, vemos surgirem idéias gigantescas; as modernas e elegantes construções, que observamos são um atestado vivo do desenvolvimento. Ainda agora, assistimos o desmonte de um antigo e tradicional casarão em cujo local será levantado um moderno e confortável Theatro, (1)dando, assim, um aspecto bellissimo à mais importante praça da cidade, onde se acha edificado também o nosso Clube.

Para acompanhar esse progresso é que a actual Directoria do Club resolveu expor à illustre Assembléia a idéia da construção do segundo pavimento do nosso edifficio e outros melhoramentos, que julga necessários para maior conforto dos Srs. Sócios e de suas Exmas. Famílias.

O Club Litterario tem sido e continuará o esteio forte, onde se descansa o bem estar da família Itajubense, para cuja confraternização tanto tem concorrido. Diante do seu crescente desenvolvimento e seu considerável número de sócios, a nossa casa já vai se tornando insuficiente e dahi a necessidade de por em prática o projeto que ora tenho a honra de submetter a deliberação dos Srs. Consócios. Para melhor orientar-me quanto às condições de segurança do edificio, convidei uma comissão de distintos engenheiros nossos consócios, para fazer um exame no prédio, a qual se desempenhou dessa incubência com a maior boa vontade. O resultado dessa vistoria foi satisfatório, sendo entretanto necessárias, no correr das obras algumas fortificações para maior segurança do prédio.“

Apesar da proposta ter sido aprovada, não caberia à administração de José Maria Afflalo a grande reforma. Condições havia, pois o Clube havia quitado a dívida da reforma do Dr. Fritz Hoffmann. Com efeito, em uma reunião do dia 12 de julho de 1924, o Tesoureiro Silverio Sanches informou que com os pagamentos realizados durante o mês, o Clube havia quitado toda a sua dívida, incluindo as ações tomadas pelos sócios e o restante do débito com a Companhia Industrial Sul Mineira.


Petit Trianon em Versalhes


Clube Itajubense em 1927


Fachada do Clube Itajubense - Projeto do Arquiteto E. Piquet.


Foto do Dr. José Braz Pereira Gomes O idealizador do nosso "Petit Trianon".


Fachada trazeira do prédio, após a grande reforma inaugurada em 15/XI/27 - Foto de Viallet.


Interior do Salão de recepções, no 2º pavimento da grande reforma. Destaque para a mobília franceza dourada, com ricos estofados em Gobelin. Foto de Viallet.


Interior do Salão de recepções, no 2º pavimento da grande reforma. Destaque para a mobília franceza dourada, com ricos estofados em Gobelin. Foto de Viallet.

Em 2/02/1926, no primeiro mandato do Presidente Dr. José Braz Pereira Gomes, foi convocada outra Assembléia Geral, onde foi apresentada a seguinte Indicação, aprovada por unanimidade.

"Art. 1º - É a Directoria do CIub autorizada a mandar construir o segundo pavimento de sua sede social, situada à Praça Dr Cesário alvim nesta cidade, conforme a planta organizada pelo Sr. E. Piquet podendo fazer as alterações, que no correr das obras forem julgadas necessárias.

Parag. 1º - Esse serviço será executado por administração da Directoria ou por empreitadas parciais com terceiros mediante as necessárias garantias.

Art. 2º - Fica a Directoria autorizada a contrahir nesta praça ou fora della um empréstimo para a realização das obras ordenadas no artigo precedente, até a quantia de oitenta contos de réis, com a taxa de juros de até 10%.

Parag. 1º - O empréstimo será feito por meio de títulos ao portador ou nominais no valor de 200$000 (duzentos mil réis) cada um.

Parag. 2º- Os juros serão pagos anualmente.

Parag. 3º- A amortização do capital será feita annualmente, por meio de sorteio com os saldos líquidos verificados durante o ano financeiro.

Art. 3º - Fica a Directoria autorizada, se necessário for, a dar em hypotheca, como garantia do presente empréstimo, o prédio e respectivo terreno, onde actualmente o CIub tem a sua sede."

A idéia da fachada, segundo o Palácio do Petit Trianon de Versailles, foi trazida da França, pelo Dr. José Braz Pereira Gomes. o arquiteto Edouard Piquet, em Itajubá, contratado pelo Clube, teve que enfrentar uma certa dificuldade para adaptar o casarão, com a última reforma do Dr. Fritz Hoffmann, ao audacioso pedido de seus ilustres clientes.

A fachada principal do Petit Trianon tem como destaque um planejamento central, com quatro colunas coríntias, sobrepondo-se a um recuo onde estão três janelas-balcões. Duas outras janelas-balcões, uma de cada lado desse conjunto central, completa a graciosa e clássica disposição. Portanto, o Petit Trianon tem 5 acessos pela fachada frontal, através de um arranjo de escadas e alpendres, com balaústres.

O casarão da Praça Cesário Alvim tinha um pequeno porão e, após a última reforma, executada pelo Dr. Fritz Hoffmann, possuía um vestíbulo central, com acesso através de uma porta central, dando diretamente para a calçada, após três degraus de escada, porta essa ladeada por outras duas portas semi-fechadas por balaústres (formatação final da reforma, eis que, inicialmente, era a porta central semi-fechada com balaústre e as duas portas laterais, com 3 degraus, para acesso) e mais duas partes laterais da fachada, cada qual com duas janelas. Portanto um total de 7 vãos, 2 a mais que o projeto do Petit Trianon.

O Arquiteto Edouard Piquet teve que fazer uma hábil adaptação. Conservou o vestíbulo, apesar de ser mais profundo que o recuo do Petit Trianon, montando-lhe as 4 colunas coríntias à frente, com a arquitrave de sustentação. Manteve a escada de três degraus em toda a largura do vestíbulo. Recuou, para o fundo do vestíbulo, as 3 portas de acesso ao interior. E criou outro vestíbulo, mais interno, de distribuição, para o Salão de Festas e para as duas salas laterais.

Ainda, na fachada da reforma do Dr. Hoffmann, nas outras 4 janelas existentes, 2 de cada lado da parte central, fez adaptações de vidrarias, imitando as janelas-balcão do Petit Trianon. No mais, copiou o projeto francês, inclusive as janelas quadradas do segundo pavimento e o frontal do telhado, com balaústres de enfeite. O seu conjunto arquitetônico guarda fantástica semelhança com o projeto de A J. Gabriel, para o Petit Trianon, palácio para uso privado do Rei Luiz XV e de sua amante Madame Pompadour e construído entre 1762 e 1768.

Mas, a fachada do Clube Itajubense não é idêntica a do Petit Trianon de Versailles.

O nosso Petit Trianon não é o único do Brasil. No Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Letras está instalada em prédio-cópia do Petit Trianon, ali construído para abrigar um dos pavilhões da Exposição da França, quando partícipe da Feira das Exposições Comemorativas do Centenário da Independência, em 1922. Em São Paulo há um terceiro prédio, hoje tombado, que se chama Palacete Higienópolis. Um conjunto de fotos ilustrativas, neste livro, vai permitir ao leitor a comparação entre o projeto original, na França, e o Clube Itajubense.

Em 6 de janeiro de 1927, durante Assembléia Geral para Eleição de Nova Diretoria, o Dr. Wenceslau Braz propôs a reeleição, mantendo a Presidência de seu filho Dr. José Braz Pereira Gomes, tendo em vista o andamento das obras do prédio.

Na Assembléia Geral Extraordinária de 16 de outubro de 1927, convocada pelo Presidente Dr. José Braz, com a secretaria de José Maria Afflalo, o Vice-Presidente Abel Pereira dos Santos fez uma demorada exposição sobre as obras de reconstrução do edifício e aquisição do respectivo mobiliário. O empréstimo autorizado de 80 contos de réis, na Assembléia de 2 de fevereiro de 1926, havia sido insuficiente. Devido às modificações e à compra do mobiliário, que não podia ser dispensado com a remodelação do edifício, haveria necessidade de novo empréstimo, no valor de 120 contos de réis. Que foi aprovado.

Em 15 de novembro de 1927, com magnífica festa, a Grande Reforma do Dr. José Braz, como ficou mais conhecida, foi inaugurada.

Na Assembléia Geral do final do ano de 1927, a Diretoria do Presidente Dr. José Braz foi reeleita pela 2ª vez. Em equipe que está ganhando, desde aqueles tempos, não se mexia. Ainda mais com a dívida contraída, para ser paga.

Em 23 de janeiro de 1928, durante Assembléia Geral de Posse da Diretoria Reeleita, o Presidente Dr. José Braz fez sua prestação de contas. O 2º Secretário José Conrado Chaves registrou um voto de louvor do Sr. José Verano da Silva à Diretoria reeleita, "pela conducta criteriosa observada em todos os seus actos para o cabal desempenho de suas arduas attribuições durante o anno findo, alludindo muito especialmente à proveitosa administração do Sr. Vice-Presidente Abel Pereira dos Santos, que foi incansável, prestando relevantes serviços durante o período de reforma do nosso Club, hoje proclamado com orgulho pelos itajubenses e incontestavelmente o primeiro no gênero em todo o Estado de Minas." A proposta em apreço fez justiça ao grande gerente das obras, o Vice-Presidente Abel Pereira dos Santos.

As obras do 2º pavimento e a fachada, imitando a do Petit Trianon, estavam terminadas. Restava, agora, o pagamento da enorme dívida da Grande Reforma.


3 - A COMPRA DO TERRENO PARA A SEDE CAMPESTRE E O INICIO DAS SUAS OBRAS

Em 31 de março de 1978, tomou posse o Presidente Dr. Carlos Alberto Azevedo Faria. Em 10 de maio, menos de dois meses após, o Presidente obteve de sua Diretoria a aprovação da idéia para a compra de um terreno, para a construção de um "Clube de Campo", designação que, depois, se fixaria em "Sede Campestre".

A história da compra desse terreno é saborosa em nuanças típicas de mineiridade, associadas à mineirice dos personagens, que dela participaram.

O Presidente Carlos Alberto era o Gerente Regional da CEMIG em Itajubá. Já procurava o imóvel, há três meses. Uma tarde, tomava um cafezinho na Padaria Massas Nosso Pão, à Av. Cel. Carneiro Júnior, enquanto conversava com o proprietário Fortunato (Dodô) José Carlos Peixoto, sobre as dificuldades para encontrar o terreno apropriado. Nesse instante, interveio o Sr. Edval Fortes - "Oh, Carlos AIberto, eu sou proprietário da Fazenda do Retiro, na saída para Maria da Fé, e lá tenho um pedaço ora da regularidade dos limites da fazenda, um "dente de divisa ", de uns 3 alqueires, com mina d'água. Acho que lhe serve!".

O Presidente visitou o local e gostou do tal "dente de divisa". Ficava às margens da estrada Itajubá-Maria da Fé, em fase de asfaltamento. Possuía, nos limites com a rodovia, uma rede trifásica da CEMIG, pronta para receber um ramal com transformador.

O fazendeiro Edval Fortes queria Cr$ 600 mil à vista. O Clube não tinha o dinheiro. O Presidente Carlos Alberto contrapropôs Cr$ 210 mil de entrada e Cr$ 400 mil, em 90 dias. Era tudo que podia, "raspando o fundo do tacho". Sua contraproposta foi recusada. Passou-se o tempo. Viajou o Presidente, a serviço da CEMIG, para Varginha. Lá recebeu um telefonema nervoso de um dos diretores:

- "Carlos Alberto, o homem, agora, aceita a sua proposta. Mas, quer a entrada amanhã cedo, para fechar outro negócio! O que faremos? "

E não havia outra alternativa. Era pegar ou largar! O Presidente ficou em "camisa de sete varas". Estava em Varginha e como iria reunir o Conselho Deliberativo, em Itajubá, nesse mesmo dia, para obter a aprovação para o negócio?

Tomou uma decisão!

Telefonou para todos os Diretores e os convenceu para comprarem juntos o terreno. Tão excepcional era a localização, que assumiriam a compra, para dividi-lo em pequenas chácaras, caso o Conselho Deliberativo recusasse sua aprovação. Dia seguinte, cedinho, o Presidente veio para Itajubá. Pagou a entrada do terreno ao Sr. Edval Fortes, antes do almoço. Negócio liquidado!

Dias depois, em 15 de outubro de 1978, em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, presidido pelo saudoso João Baptista Brito, o Presidente Carlos Alberto fez longa exposição aos conselheiros. Falou da localização. Decantou as características do terreno. Mas, não relatou que o terreno já estava comprado e com a entrada quitada.

Obteve uma reação inesperada do Conselho Deliberativo. Uma parte dos conselheiros foi contrária à compra! O motivo alegado era a experiência fracassada da unificação com o Itajubá Country Club. Clube de campo não parecia ser o desejo daqueles conselheiros. Pelo menos, no momento. Não houve argumento que os convencesse. A única saída que restou ao Presidente foi a confissão:

- "Pois bem, gente, temendo que uma recusa ao excelente negócio fosse o posicionamento de vocês, eu e os meus Diretores, compramos o terreno! Com um cheque do Clube, é verdade, mas vamos repor o dinheiro, agora! A partir de hoje, nós Diretores somos proprietários de várias chacrinhas, na saída para Maria da Fé. Dentro de alguns dias, irei convidá-los, para o primeiro churrasco, lá na minha propriedade!"

Um silêncio sepulcral se fez na reunião. De repente, com seu sotaque de bom libanês e com seu olfato para bons negócios, sempre presente, levantou-se o Conselheiro George Kallás:

- "Dá licença? Eu também quero ficar com uma das chacrinhas! Posso entrar de sócio?"

O Presidente Carlos Alberto não conseguiu sequer responder ao pedido do Conselheiro George Kallás. Um zum-zum, cada mais elevado, movimentou todos os Conselheiros.

- "O que é isso, Carlos Alberto? Vamos reconsiderar, o terreno deve ser bom para o Clube!"

E, assim, todos que eram contra, passaram a intransigentes defensores da compra, para o Clube! A aprovação foi por unanimidade!

Graças ao olfato do libanês, o Presidente ficou sem a sua chácara e o Clube Itajubense ganhou sua Sede Campestre!

Tratava-se de área de 4,9480 hectares, conforme apontaria o levantamento topográfico. Era desmembramento da antiga Fazenda do Retiro, à beira do asfalto da Estrada Itajubá-Maria da Fé, a 3 km do centro da cidade.

A 6 de março de 1979, em reunião da Diretoria, o Presidente Carlos Alberto comunicou que havia pago, nesse dia, a última parcela do terreno da futura Sede Campestre e que, nesse dia, também, contratara o Agrimensor José Grillo da Silva, para o completo levantamento topográfico do terreno.

Ademais, contratara o Arquiteto Nayme Campos Grillo, que executaria o Projeto Global de Engenharia da Sede Campestre. Tudo foi detalhado. Arquitetura, cálculo estrutural, eletricidade, água, esgoto, drenagens, paisagismo, desenhos e especificações para móveis, equipamentos e utensílios. Tudo! O projeto ficou mais caro que o valor da compra do terreno. Mas, apresentava a vantagem de poder ser executado em etapas, de acordo com o fluxo de caixa. Sem empréstimos! E sem arrependimentos para demolições! Os edifícios da Sede Campestre, em estilo rústico, em blocos separados, permitiriam a construção um por um. Todas as quadras de esportes estavam previstas, no Projeto Global.

Com o Projeto do Arquiteto Nayme Campos Grillo e auxiliares, a Diretoria 1978/80 ficou sem dinheiro. Como fazer a terraplenagem dos primeiros platôs, para começar algum dos equipamentos previstos?

A "História da Terraplenagem Gratuita" é o que se conta a seguir, como modelo de sorte e matreirice do Presidente Carlos Alberto.

O Dr. Carlos Faria, pai do Presidente, havia vendido uma fazenda, em Itajubá, para o Comendador Vicente de Paula Penido, dono da SERVENG, importante companhia empreiteira de estradas de rodagem do Estado de São Paulo. A conselho do pai, o Presidente Carlos Alberto procurou o Comendador Penido, em sua nova fazenda, em Itajubá, em busca dos serviços de terraplenagem da SERVENG, no fiado, para pagar quando o Clube pudesse! O Comendador Penido examinou os desenhos do Presidente:

- "Mas, Carlos Alberto, é pouco demais, para que eu desloque meu parque de máquinas para Itajubá! Economicamente, não justifica! Mas, tenho uma alternativa. Devo receber um trator D-4, de esteira, para arar estas terras que eu comprei do seu pai. Antecipo um pouco a vinda do trator e faço um negócio com você. Por 30 dias, cedo-lhe o trator e o tratorista. Grátis! Mas, só por 30 dias! E coloque gente decente para orientar meu tratorista!"

O Presidente não podia acreditar no que acabara de escutar. Contratou, em julho de 1979, o Sr. Sebastião Faria, como Gerente Geral das Obras, que fiscalizou a terraplenagem.

No final dos 30 dias, o tratorista deixou o canteiro de obras. Havia feito muita coisa, sob a administração eficiente do Sr. Sebastião Faria. O tempo seco ajudou. Sem chuvas, o serviço ficou muito adiantado. Mas não ficou pronto! E agora? Com a estação das chuvas, a terraplenagem poderia virar um imenso atoleiro, repleto de erosões, se não fossem acertados os taludes e as bicas de drenagem! O que fazer? Não havia dinheiro!

A estrada de Itajubá-Maria da Fé estava em vias de acabamento. Uma tarde, o Presidente foi procurado no Clube. As Prefeituras de Itajubá e de Maria da Fé queriam obter a cessão do Salão de Festas, para um almoço ao Governador Dr. Antonio Aureliano Chaves de Mendonça, para o dia da inauguração da estrada. O Salão foi cedido para aquela homenagem.

A idéia veio de estalo! O Presidente Carlos Alberto sentou-se à máquina de escrever e fez caprichado Oficio ao Diretor Geral do DER-MG. Explicou que Sua Excelência, o Governador, viria a Itajubá inaugurar a estrada e que seria homenageado, pelas autoridades, com um almoço no Clube Itajubense. Precisava, então, de um certo número de horas de máquinas, para melhorar o acesso ao Clube, para o almoço do Governador!

Sem maiores detalhes! Passados alguns dia, o DER-MG cedeu as máquinas, que concluíram a primeira etapa da terraplenagem da Sede Campestre, pois o Governador Aureliano Chaves não poderia ter dificuldades de acesso às comemorações, pelo término da Estrada! Ninguém perguntou onde era o almoço do Governador (que foi na Sede Social!)

O Presidente Carlos Alberto não mentiu! Apenas omitiu alguns detalhes, para conseguir, com matreirice, o seu intento!

E, assim, conta-se o "causo" da terraplenagem gratuita de 90% da Sede Campestre, que mereceu, posteriormente, do Governador Aureliano Chaves gostosas gargalhadas!

O Comendador Vicente de Paula Penido foi homenageado com o Título de Sócio Benemérito do Clube Itajubense. Sua inestimável ajuda representou cerca de Cr$100 mil de obras para o Clube, sem se despender um níquel dessa importância!

A diretoria de Walter Rocha Faria examinou, em 14 de março de 1983, a proposta de compra do imóvel localizado aos fundos da Sede do Clube. Tratava-se de terreno, com uma casa, oriundos do espólio do Dr. Sebastião Pereira Rennó. Era imóvel de alto interesse do Clube, para suas futuras expansões. A Diretoria aprovou o interesse da compra e decidiu levar o assunto para reunião do Conselho Deliberativo. No dia 21 de março de 1983, o Presidente Walter Rocha Cabral fez exposição a respeito da compra, em reunião conjunta da Diretoria e do Conselho Deliberativo, este presidido pelo Dr. Hélio Rezende Fonseca. O terreno media 520m² e custava Cr$ 23 milhões. Daquela área seria vendido um pedaço lateral de 184 m², aos fundos do Bar Acadêmico, ao Sr. João Baptista Brito. Não se chegou a uma conclusão, ao final dos debates.

Quase um ano depois, em 18 de fevereiro de 1984, o Conselho Deliberativo, sob a presidência do Dr. Hélio Rezende Fonseca, ouviu nova exposição do Presidente Walter Rocha Faria, sobre a compra do terreno. Agora, o imóvel já pertencia ao Sr. Januário de Carvalho, que o havia comprado da Família do Dr. Sebastião Pereira Rennó. O novo proprietário pedia Cr$ 50 milhões. O Conselho aprovou a compra, desde que preço e condições de pagamento fossem melhor acertados. Haveria necessidade de chamada de capital, com a participação de todos os sócios. Quatro dias depois, em reunião do Conselho Deliberativo, o Presidente Walter Rocha Faria anunciava que o terreno havia sido adquirido, pelo preço final de Cr$ 28.500.000,00, graças à cessão de opção de compra, que estava em poder do Conselheiro Benedito Pereira dos Santos. O Clube teria prazo de 90 dias para obter o dinheiro. Se, ao final dos 90 dias, o Clube não conseguisse o dinheiro da aquisição, a opção de compra seria devolvida pelo Clube ao Conselheiro Benedito Pereira dos Santos. O Presidente Walter Rocha Faria explicou que, se o Conselho Deliberativo o autorizasse, iria levantar o dinheiro necessário, em caráter definitivo, através de empréstimos, em nome de alguns conselheiros, que já lhe haviam oferecido tais préstimos, dinheiro esse que seria repassado ao Clube, sujeito a todas as despesas bancárias. A transação seria feita com o Banco Itaú S.A, agência local.

O Conselho aprovou a compra e recomendou ao Presidente que encontrasse a melhor solução com o Conselheiro Benedito Pereira dos Santos.

Em 21 de fevereiro de 1984, em reunião da Diretoria, o Presidente Walter Rocha Faria fez entrega ao Secretário da datilografia final dos Estatutos, para revisão e liberação para impressão. Solicitou que se mandasse confeccionar uma faixa, com os dizeres "Aquisição para futuras instalações do Clube Itajubense", para ser colocada no imóvel adquirido do Espólio do Dr. Sebastião Rennó. O Presidente informou que o Conselho Deliberativo havia se reunido e autorizara a aquisição do imóvel referido, cujo terreno media 520 m² de área, com a mesma largura do lote do Clube. Ficou definida a modalidade da Chamada de Capital, para o pagamento do imóvel adquirido: 10 parcelas mensais de Cr$ 5 mil, a partir de 30/03/1984 ou parcela única de Cr$ 35.000,00, para cada associado a ser paga até 30/03/84. Os novos associados pagariam uma parcela de Cr$ 50 mil, de uma só vez, como participação na compra do novo imóvel.

Em 27 de março de 1984, o Presidente Walter Rocha Faria expôs, em reunião da Diretoria, os detalhes da aquisição do imóvel. A compra havia sido aprovada na Reunião do Conselho Diretor, em 17/02/1984. Compra efetuada em 22/02/1984 - Valor de Cr$ 28.500,000,00. Recursos utilizados para a compra: 1) Cr$ 8.500.000,00, de dinheiro em caixa; 2) Cr$ 20.000.000,00, de Empréstimo, com o Banco Itaú S.A, em 1/03/84, representado por 4 notas promissórias de Cr$ 5.000.000,00 cada, emitidas por João Candido Cardoso, Carlos Guilherme Gonçalves, José Tibúrcio, e Hanna Makle El Mohallen e avalizadas por Walter Rocha Faria, Anderson Gonçalves Leão e Edson Fábio Mauad.

O valor do empréstimo foi depositado na conta bancária do Clube, no Banco Itaú S.A, no dia 1/03/84. O pagamento foi feito ao vendedor Januário Bueno de Carvalho e sua mulher, com cheque do Clube. A escritura foi lavrada, em nome do Clube Itajubense, no Cartório de Registro Civil e Tabelionato, do município de Piranguinho, no livro no 29, folha no 55 e Registrada no Cartório de Registro de Imóveis de Itajubá, matrícula Nº 12.689, livro 002, folha 001, sob no R-1, em 23/02/1984.

Forma de Pagamento ao Banco Itau S.A: 10 prestações iguais de Cr$ 3.640.200,00, inclusive juros, cada uma, com vencimentos no primeiro dia de cada mês, a partir de 1/04/84 e a última em 1/01/1985 e debitadas diretamente na conta do Clube Itajubense.

No final dos pagamentos as promissórias quitadas foram devolvidas aos emitentes, pelo Banco.

Documento sem título