PERSONALIDADES MARCANTES
ALICE BRAZ MANDOLESI
( 06-08-1910   15-07-1986)

Esposa modelar, afeita ao trabalho, inteiramente devotada ao marido e aos filhos, teve sua infância passada na aprazível Piranguçu, então distrito de Itajubá.

Segundo Armelim Guimarães, ele conhecia ainda bem mocinha, nos meados da década de 20, em sua plena adolescência, época em que nas igrejas não havia missas à noite, só excetuando a missa natalina do Galo. Em vez de missa vespertina, o que então havia, ao escurecer, em todos os templos, era a bênção solene e profundamente mística do Santíssimo Sacramento. Fazia parte da liturgia dessa celebração o hino do Tantum ergo cantado em latim. Era quando se ouvia a bonita voz da então adolescente Alice Braz, do coro da Matriz de Piranguçu, enquanto no altar estava o pároco holandês Padre Antônio Van Ess, e dois coroinhas paramentados com batina e sobrepeliz, sendo um deles Geraldo Correia, hoje o continuador da fazenda do pai, o saudoso Chico Correia, e o outro o autor destas reminiscências, nos seus 10 e 11 anos. E quando Alice Braz, acompanhada pelos órgão, retomava o canto com o Genitori, Genitoque, que era a 2ª parte do Tantum ergo, o Sacerdote punha-se de pé, era-lhe apresentada a naveta da qual retirava o incenso que punha sobre as brasas do turíbulo. Em seguida, incensava, em três reverenciosos duetos, a custódia com a Hóstia sacrossanta. E no ato mais solene da bênção, quando o padre erguia o ostensório, o qual era um dos coroinhas que, de joelhos, o incensava, todos os sinos do campanário da Matriz convidavam festivamente os fiéis da cidade à memorização do Cristo eucarístico. E nas ladainhas e cânticos finais dominava a voz de Alice Braz...

Era essa a Alice artista e devota. No lar, era a grande auxiliar de sua mãe, a virtuosa e incansável Dona Julinha, como assim era conhecida. Residia na avenida principal de Piranguçu, que contorna os sopés do grande morro, em cujo cimo estão a igreja matriz de Santo Antônio e o cemitério, e que partia da entrada da cidade e terminava na residência e casa comercial do Major Severiano Ribeiro Cardoso. Dona Julinha era a fabricante de roscas deliciosas, de pastéis de farinha de milho, empadinhas e outros quitutes para o comércio local, que só ela e Alice sabiam fazer.

Alice era, pois, filha de D. Júlia Braz. Seu pai chamava-se Alfredo Braz. Tinha ela uma irmã e um irmão, o Isaque Braz, que exercia a profissão de barbeiro. Alice Braz casou-se, em primeiras núpcias, com Renato Leite, de distinta família piranguçuense, irmão de Agenor Leite, este competente profissional e muito estimado Agenor de nosso ex-distrito, onde era eletricista e chefe representante da Companhia Força e Luz (ainda não se falava em CEMIG). Houve três filhos de D. Alice Braz neste primeiro casamento, e que foram José Pereira Leite, Neuza Leite e D. Maria de Lourdes Leite Pinto (tratada, na intimidade de seus parentes e amigos por Maninha), esposa do Deputado Ambrósio Pinto. Em segundas núpcias, D. Alice casou-se com o sempre lembrado Álvaro Mandolesi (Ancona, Itália, 07-12-1901; Itajubá, 14-04-1991), com o qual foi mãe de mais três filhos: Álvaro Rubens (01-05-1946); D. Gisele Mirian, casada em 07-12-1974 com Edmundo Pereira de Melo; e D. Edna Mércia, casada em 23-09-1967 com Aylon de Oliveira. Com este segundo enlace, D. Alice Braz Mandolesi veio morarem Itajubá, e acostumada ao trabalho, e trazendo a grande experiência adquirida com D. Julinha em produtos de fomo e de salgadinhos, tomou-se o "braço direito" do 2º esposo na administração da tradicional Padaria Mandolesi, da Rua D. Maria Carneiro.

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