PERSONALIDADES MARCANTES
BENEDITO PEREIRA DOS SANTOS (BPS)
(1920  07-05-2014)

Benedito Pereira dos Santos, o "seu Dito", ou, simplesmente, "BPS" como se tornou conhecido em toda a região sulmineira, faleceu na ultima quarta-feira, 7 de maio, aos 94 anos, depois de haver sido internado no Hospital Escola da Faculdade de Medicina de ltajubá. O empresário que mais casas para venda ou locação para as famílias de baixa renda construiu na cidade, notabilizou se por sua extrema capacidade empreendedora e por sua tenacidade politica. BPS queria ser prefeito de ltajubá, candidatou-se em nada menos do que 6 eleições seguidas (1982 / 1988 / 1992 / 1996 / 2000 e 2004), até que no dia 1° de janeiro de 2005, conseguiu realizar seu sonho tomando posse como Chefe do Executivo aos 84 anos de vida. Num editorial da época, o ltajubá Noticias comparou a saga de BPS em busca da Prefeitura e sua vitória aos 84 anos, com o jornalista Roberto Marinho que logrou realizar seu sonho de criar uma rede de televisão, que se tornou a maior do país, aos 60 anos de idade.

Motorista de caminhão até a década de 1950, "Dito Cândico", como era conhecido, soube, com seu tino comercial incomum, criar um império da construção civil a partir da segunda metade da década de 1960. Do transporte de terra e areia para construtores em Itajubá, levou seu caminhão para Brasília, onde teve participação na construção da capital do país. A politica desenvolvimentista empreendida pelos governos militares nas décadas de 1960 / 1970, com financiamentos amplos e baratos do antigo BNH Banco Nacional da Habitação, lhe permitiu adquirir grandes áreas de terras na zona urbana e próximo a zona urbana da cidade, onde construiu imóveis residenciais sobretudo visando a classe média baixa, que os adquiria através do sistema de financiamento habitacional criado pelo governo. O bairro que leva seu nome, no coração da cidade tornou-se o símbolo do empreendedorismo do "seu Dito", que logo passou a ser conhecido pelo apelido gerado pelas três primeiras letras de seu nome, Benedito Pereira dos Santos, que deu lugar a BPS, o maior empreendedor do ramo imobiliário da historia da cidade e da região.

O bairro do Morro Chic tem esse nome porque ali, até a década de 1960, os mais afortunados construíam suas casas, muitas delas verdadeiros palacetes. Próximo a meados daquela década, o já empresário Benedito Pereira dos Santos iniciou um empreendimento ousado. No grande retângulo que começava na Iinha da Rua Américo de Oliveira, e seguia até as fazendas do Pinheirinho, onde hoje se encontra a UNIFEI Universidade Federal de ltajubá, Iadeado pelas fazendas do engenheiro Joao Luiz Rennó e pelo morro onde se encontra hoje o Hotel Coroados, não havia absolutamente nada além de um grande ranário. Aquela vasta extensão de terras, em pleno centro da cidade, cortada pelo ribeirão José Pereira que a alagava durante o período de chuvas, não passava de um enorme brejão Para se chegarem às fazendas do Pinheirinho, usava-se a estrada que subia pelo morro onde esta o Hotel Coroados ou o caminho do bairro Cruzeiro e Estiva. Aquele arrojado empresário resolveu aterrar toda aquela área, Iotea-Io e construir ali Casas para venda a famílias de classe média. Uma das primeiras casas construídas, existente até hoje, foi adquirida pela TV Tupi de São Paulo e dada como prémio ao garoto Barnabé, que participou do programa Show Sem Limite, do apresentador J. Silvestre, no final daquela década, respondendo sobre a vida do ex-presidente Wenceslau Braz pouco depois de sua morte. A alta classe média passou a adquirir aquelas casas, demoli-las ou reforma-las, construindo Casas de alto padrão. Pela primeira vez a cidade conheceria um bairro planejado e com ruas asfaltadas, embora tenha se revelado, ao longo das décadas seguintes, problemático, justamente em razão do mesmo Ribeirão José Pereira que, como no passado, continuou a ser a razão das enchentes que todo ano atingem aquela área.

Na década de 1970, o empresário BPS passou a investir pesado, sempre amparado nos financiamentos oficiais, em Casas populares.

Quem saia da cidade pelo bairro Avenida e Santo Antônio, em direção à cidade de Piranguçu (naquela época, ainda não havia a estrada que passa pelo Itajubá Country Clube), percorria a partir do final desse ultimo uma pequena estrada em terra, passando por diversas fazendas.

O empresário BPS viu, ali, o futuro. Adquirindo toda uma área de terras à partir do hoje conhecido bairro Santa Elizabete construiu milhares de Casas populares, divididas por um morro que separa a área menor da área maior, a primeira delas, o bairro Santa Elizabete, a Segunda o bairro Rebourgeon, que se tornou o maior bairro residencial da cidade. Nos antigos bairros do Cruzeiro e Estiva, este ultimo na saída da cidade em direção é Serra dos Toledos, subiu o morro onde se Iocaliza o símbolo cristão, construindo milhares de residências populares. Nunca em toda a história da cidade, somadas todas as casas populares construídas diretamente pela iniciativa publica, alcançou-se a marca do numero de habitações para a classe média baixa, atingida pelo empresário BPS. Em meados da década de 1970, resolveu investir no ramo hoteleiro, criando aqueIe que seria o mais luxuoso hotel da cidade, com vista panorâmica a partir do morro do alto do bairro que passou a ser conhecido por BPS desprezando o povo o nome oficial de Pinheirinho No Hotel Coroados passaram a hospedar-se artistas, políticos de renome e o empresariado que vinha a Itajubá a negócios.

Manteve diversas fazendas de gado leiteiro durante toda a sua vida. Mas empresário Benedito Pereira dos Santos não era, na verdade, um político. Quem o conheceu não reconhecia no seu comportamento a marca que os políticos sempre trazem no trato com o povo em geral. Não era dado a sorrisos fáceis ou tapinhas nas costas. Conta a Ienda que, durante uma de suas campanhas eleitorais para prefeito, ao visitar as Casas de possíveis eleitores, deparou-se com um que residia num imóvel pertencente a sua empresa e que, após pedir o voto do cidadão, teria aproveitado para cobrar-lhe o aluguel que estava atrasado. Tinha dificuldades para falar em publico, sobretudo em palanques eleitorais. Seu desejo de coroar sua vida de empresário, da qual nada mais poderia esperar porque já realizara tudo o quanto possível a um empresário realizar na sua cidade, com o comando político administrativo, levou-o a disputar nada menos do que 6 eleições. Embora bem votado em praticamente todas elas, não era visto como simpático pela população. Perdeu as eleições de 1982 para Ambrósio Pinto, as de 1988 para Rosemburgo Romano, a de 1992 para Saulo Germiniani e as de 1996 e 2000 para Francisco Marques, sendo que nesta ultima teve seu registro eleitoral cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral em virtude de irregularidades que cometera na campanha anterior. Em 2004, aos 84 anos de idade, disputaria sua ultima eleição contra o candidato Zezinho Riéra, apoiado pelo então prefeito Francisco Marques. Dizia em palanque que não queria terminar sua vida sem ter sido o prefeito da cidade que ajudara a construir e desenvolver. O povo lhe deu a chance, e o maior empresário que Itajubá conheceu tornou-se seu prefeito em 2005.

Como não tinha o chamado tino politico, desentendeu-se logo no inicio da administração com seu vice prefeito Jorge Mouallem e com a classe politica em geral. Já adoentado e próximo dos 90 anos, não disputou a reeleição em 2008.


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