PERSONALIDADES MARCANTES
JUSTINA AUGUSTA DA SILVA
( 1860   31-08-1944)

No óbito paroquial consta ser filha de "Juliana de Tal", não constando o nome do pai. Não seria ela a Justina batizada em 1303-1853, filha de Domiciano Francisco da Silva e de Claudiana (e não Juliana) Maria de São José? Era casada com o ex-escravo Belisário Carneiro Santiago (sobrenome adotado por ter sido criado pela família Carneiro Santiago). Tinha uma filha de nome Cornélia, que sempre morou com a mãe. Faleceu cerca de dois meses depois da mãe. Sua outra filha, de nome Maria (a do retrato), depois de moça foi trabalhar no Rio de Janeiro, onde se casou.

O único filho homem era o José, conhecido pelo apelido de José Pinagé. Era solteiro, muito educado. Morou muitos anos com o Dr. José Braz, de cujo lar exercia as funções de mordomo.

Justina Augusta da Silva se tomou famosa pela alta perícia na arte culinária.

Foi inexcedível no preparo de pratos finos e de salgadinhos e, sobretudo, de doces e bolos. Ninguém, neste sul de Minas, saberia preparar quitutes, confeites delicados, caramelos, bolos finos e outros acepipes, bem como guisados e outros petiscos, tanto os de fogão como os de fomo, como a Justina.

Dispensava receitas, pois ela própria criava manjares opíparos, capazes de extasiar os mais exigentes "gourmands". "Digna de um Brillat-Savarin! Os vatéis de Lúculo se humilhariam se a conhecessem!" - assim se expressou Mello Vianna, então Governador de Minas Gerais, ao se deliciar, no Grande Hotel, com os preparados da Justina, quando em visita a Itajubá, em 1925.

Foi elogio que ficou memorizado por intelectuais que participaram do mesmo banquete oferecido ao ilustre político. Nos velhos tempos, Justina Augusta da Silva foi proprietária da Pensão São José.

Tio Mironga (pseudônimo do saudoso Waldomiro Verano), em "O Sul de Minas" de 28-12-1952, publicou uma excelente crônica sobre essa nossa distinta conterrânea.

Consta que o Palace Hotel e o Hotel Bragança de Caxambu ofereceram-lhe bom ordenado para tê-la em suas cozinhas, mas Justina nunca estava disposta a abandonar sua Itajubá.

Ao anoitecer, postava-se com seu farto tabuleiro de balas e doces na calçada do Cine-Teatro Apolo, "de saudosa memória", para atender os seus fregueses.

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