FAMÍLIA CALHEIROS
Descrição do Brasão

São suas armas: de azul, cinco vieiras de prata realçadas de negro e acompanhadas de três estrelas de cinco raios do mesmo, postas em faixa no contrachefe.

Timbre: dois bordões de prata de romeiro, passados em aspa, sustendo uma vieira do escudo.


Origem

O Paço de Calheiros assume lugar de relevo entre as propriedades da Região da Ribeira Limiana. É um solar setecentista expressivo da arquitectura civil portuguesa. Nele viveram várias gerações da mesma família, e por isso carrega memórias seculares.

A antiga quinta do Paço de Calheiros, que anteriormente também foi designada como Quinta do Pinheiro, situa-se na freguesia de Santa Eufémia de Calheiros (concelho de Ponte de Lima).

A sua origem está ligada à instituição da Honra de Calheiros, concedida por D. Dinis. Esta foi confirmada por D. Afonso IV a favor de Martim Martins Calheiros, na cidade de Santarém, a 5 de Fevereiro de 1336. O Rei D. Sebastião, por sentença de 12 de Novembro de 1566, ratificou os direitos e limites da Honra de Calheiros a favor de Diogo Lopes de Calheiros, autor do Memorial de Calheiros e antigo Provedor da Misericórdia de Viana (1568). Vinculado em Morgadio, da Honra faziam parte o Padroado da Igreja de Santa Eufémia de Calheiros e igrejas anexadas, bem como os sétimos de Lastral e de Vilar do Monte. O edificado de Calheiros iniciou-se com uma torre medieval adossada à capela, demolida no fim do séc. XVII pelo Morgado Francisco Jácome Lopes de Calheiros. O actual edifício desenvolveu-se em ambos os lados da capela dedicada a S. Bento, patrono da família. A construção evoluiu para as torres, mantendo-se a capela no centro.


Fachada do Paço de Calheiros


O Paço de Calheiros encontra-se na posse da família desde 1450, como testemunha uma lápide existente no portão da entrada, cuja legenda em caracteres góticos diz: “Desta antiga e nobre casa preced’os Calheiros: Fidalgos d’Solar”. Nessa altura era senhor da casa Diogo Lopes de Calheiros, filho de Garcia Lopes de Calheiros, o Velho. Este militara nas guerras de Castela e África durante o reinado de D. Afonso V. Para premiar os seus serviços, D. João II fez-lhe mercê e confirmação do couto e honra de seus passados, como é referido no Memorial de Calheiros.

É imprecisa a origem da família Calheiros. Várias são as procedências que lhe são atribuídas. No texto das Memórias Paroquiais, inquérito enviado aos curas e abades das paróquias portuguesas em 1758, o pároco João Velho Barreto (capelão fidalgo abade da paroquial igreja de Santa Eufémia de Calheiros) indica que a família descende de D. Arnaldo de Baião, guerreiro alemão, que pelos anos de 985 veio a terras de Espanha batalhar contra os mouros e se tornou tronco de várias famílias nobres de Portugal. Outros afirmam que a família teve origem em Pedro Martins de Chacim Calheiros ou D. Álvaro de Luna, abade de Rendufe. Para outros autores, a casa de Calheiros teve origem no reinado de D. Afonso III, com Vasco Fernandes. Este tomou o apelido Calheiros da quinta e torre onde vivia. Mais tarde, em 1385, quando o seu descendente Garcia Lopes Calheiros auxiliou D. João I a conquistar o castelo de Neiva e a vila de Ponte de Lima, o fundador da Casa de Aviz fê-lo alcaide-mor dessa vila com os seus reguengos e o senhorio de Santo Estevão da Facha, com todos os bens móveis e de raiz, que foram de Lopo Gomes de Lira.

Também se diz que os Calheiros tomaram o brasão dos Velhos, por serem da sua prole. No entanto ambos descendem de D. Ayres Nunes, originário da Galiza, e por isso adoptaram as vieiras e bordões de Santiago de Compostela. Segundo o Memorial de Calheiros a família provém de Dom Aldias e de sua mulher Dona Gontinha, dos quais precede Martim Martins de Calheiros que obteve de D. Afonso IV a sentença da Honra de Calheiros. D. Aldias e Dona Gontinha foram responsáveis e edificadores do Mosteiro de Calheiros, cujas freiras se mudaram para esse lugar vindas de Labruje (S. Cristóvão), cenóbio fundado em 942, pelo bispo S. Hemózio de Tui. Inicialmente, de invocação de Sant`Ana e a seguir do Salvador, o mosteiro da freguesia de Calheiros viu as suas terras emprazadas e a capela incorporada no Paço de Calheiros. No campo chamado de Salvador aparecem ruínas deste mosteiro que aqui persistiu até 1354, altura em que as religiosas se mudaram para Vitorino das Donas, na margem oposta do rio Lima.

Até 1520, data do fim do privilégio de manutenção deste cenóbio na família Calheiros, correu sangue da família nas 13 abadessas deste mosteiro beneditino. As carreiras militar, diplomática e do funcionalismo público (nomeadamente á frente da Câmara Municipal de Ponte de Lima) foram igualmente seguidas por muitos membros desta Casa.

A documentação do Arquivo do Paço de Calheiros reflete a posse e administração de vastos domínios.

Compreendiam o Solar de Calheiros, as Terras de Santo Estevão de Geraz, Beiral do Lima e Reguengo de Castelo (1424), o senhorio das Terras de Burral e o Almoxarifado de Ponte de Lima (1453), o senhorio das Devezas de Ponte de Lima, (1454). Os seus detentores receberam em finais do século XIX (1890) o título de Condes de Calheiros. A Casa manteve-se na família até ao seu actual proprietário, Francisco Silva de Calheiros e Menezes, chefe do nome de armas de Calheiros, Senhor do Solar de Calheiros e representante do Título de Conde de Calheiros. Ele e seu pai Francisco Lopes de Calheiros e Meneses empreenderam grandes obras de restauro na casa de forma a abrir as suas portas ao turismo de habitação.

O Arquivo ora tratado mostra que a união de elementos da família Calheiros a outras famílias trouxe à Casa importantes espólios documentais que reflectem o papel de relevo que estas tiveram na região do Minho e noutras partes do País. Destacamos a casa dos Velho Barreto, em consequência do casamento de João Velho Barreto de Araújo com Vitória da Cunha Calheiros, senhora da casa de Calheiros. Também a casa Falcão Marinho e Barbosa Aranha devido ao casamento de Maria Teresa Falcão Sotomayor Marinho de Barbosa com Francisco Lopes de Calheiros Meneses Benevides. Ainda a casa de Benevides Mendanha pelo casamento de Maria de Benevides com Francisco Jácome Lopes de Calheiros, e a casa dos Senhores de Lira, pelo casamento de Maria Quitéria de Lira Manoel de Meneses com Pedro Lopes de Calheiros e Benevides a família Lago e Moscoso pelo casamento de Ângela Maria do Carmo Jácome do Lago Moscoso com Pedro Lopes de Calheiros e Meneses. Destas ligações ficaram marcas no arquivo do Paço de Calheiros, pelo que o espólio a que se refere o presente estudo serve não apenas o historial da família Calheiros mas o conhecimento dos ramos familiares de outras casas importantes da nobreza portuguesa.


Títulos, Morgados e Senhorios
  • Condes da Covilhã
  • Condes da Guarda
  • Condes de Calheiros
  • Condes de Paço de Vitorino
  • Condes do Refúgio
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