PERSONALIDADES MARCANTES
ANTÔNIO AURELIANO CHAVES DE MENDONÇA
( 13-01-1929 ;  30-04-2003)

O ex-Governador de Minas Gerais e ex-Vice-Presidente da República Aureliano Chaves nasceu na cidade sul-mineira de Três Pontas, mas está vinculado a Itajubá por várias circunstâncias mercantes de sua vida: Em Itajubá veio completar os preparatórios para o curso superior, e em Itajubá tomou-se Engenheiro, e foi nesta cidade que exerceu suas primeiras atividades profissionais, tomando-se funcionário da Prefeitura Municipal, e também professor do Instituto Eletrotécnico (ora Universi-dade Federal de Itajubá - UNIFEI), e foi aqui nesta cidade que encontrou a companheira ideal de sua existência, casando-se com essa virtuosa itajubense. E foi Itajubá que ele escolheu para vir repousar no berço da Eternidade.

Aureliano Chaves era filho de Dr. José Vieira de Mendonça, cirurgião dentista, e de D. Luzia Chaves de Mendonça. Eram sete os filhos do casal Dr. Vieira e D. Luzia: Antônio Aureliano, o mais velho, o único dos irmãos que se dedicou à política; Dr. José Vieira de Mendonça Filho, médico cardiologista; D. Maria da Glória Chaves de Mendonça, diplomacia em Administração de Empresas; Manuel Inácio Chaves de Mendonça, engenheiro eletricista; D. Maria de Lourdes Chaves de Mendonça, também técnica em Administração de Empresas; Cláudio Augusto Chaves de Mendonça, economista e Dra. Níobe de Mendonça Gurgel, especialista em nutrição escolar.

Antônio Aureliano Chaves de Mendonça fez o curso primário na Escola "Professora Maria Augusta Vieira Correia", e o colegial no Ginásio Municipal São Luiz, escolas de Três Pontas, sua cidade natal. Em meio a adolescência, veio fazer o curso científico (então assim chamado o curso médio em três anos, correspondente mais ou menos ao 2º grau) no Colégio de Itajubá, quando então ficou conhecendo Itajubá, que seria sua terra adotiva, e a beleza, o encanto e a fina educação da graciosa jovem Minervina, que se tomaria em D. Vivi, sua idolatrada esposa. Terminado o “científico", ingressou Aureliano no então Instituto Eletrotécnico de Itajubá (ora Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI), diplomando-se com a turma de 1953. Quando ainda aluno, e então o Presidente do Diretório Acadêmico do IEI, em 29-05-1952 liderou (era sempre líder em tudo) uma comissão composta de 42 acadêmicos, que, no Rio de Janeiro, no Palácio do Catete, solicitou ao Presidente da República, Getúlio Vargas, o interesse e apoio para a federalização do IEI, que, naqueles idos, passava por precaríssima situação financeira, na iminência da extinção. O Presidente, diante da completa e exata exposição de Aureliano Chaves, prometeu o apoio solicitado, e o encaminhamento do processo foi feito, o qual seria sancionado pelo seu sucessor Nereu Ramos.

No ano seguinte ao de sua formatura, em 03-05-1954, na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida-SP, Aureliano Chaves casou-se com D. Minervina Sanches de Mendonça (Dona Vivi), itajubense, filha de Humberto Sanches (de quem, neste opúsculo, estamos oferecendo uma sinopse biográfica) e de D. Guiomar Schimidt Sanches. Foram três os filhos de Aureliano e D. Vivi: D. Maria Guiomar Sanches de Mendonça, Antônio Aureliano Sanches de Mendonça e D. Maria Cecília Sanches de Mendonça. Logo em seguida à diplomação, Aureliano Chaves foi engenheiro de obras rodoviárias, entre as quais a ligação de Itajubá a São Bento do Sapucaí, e o serviço de terraplenagem de Cumbica-SP. E foi engenheiro de Departamento de Obras da Prefeitura Municipal de Itajubá, quando prestou seus bons serviços à nossa municipalidade em pavimentações, estradas, pontes rurais, obras de saneamentos, etc.

À então EFEI (ora UNIFEI - Universidade Federal de Engenharia de Itajubá) prestou a sua cooperação como Professor de 1955 a 1982. Em 1958 iniciou sua carreira política como Deputado Estadual pela LTDN, tendo sido reeleito em 1962. Tomou-se o Líder da Bancada da UDN na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, e Líder do Governo Magalhães Pinto. E foi eleito Deputado Federal pela ARENA, reeleito em 1970 quando, durante as festividades e júbilo popular pela conquista do tricampeonato da Seleção Brasileira no México, declarou que "o futebol é o melhor antídoto contra o comunismo" ("O GLOBO" de 01-05-2003).

Foi Professor, em Belo Horizonte, do Instituto Politécnico da Universidade Católica de Minas Gerais.

Foi Diretor-Técnico das Centrais Elétricas Brasileiras (ELETROBRÁS).

Era o Secretário de Estado da Educação e de Viação e Obras Públicas de Minas Gerais no Governo de Magalhães Pinto (1961-1965).

Foi Membro da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e da Comissão de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia da mesma Câmara, e Presidente dessa Comissão por dois anos consecutivos. E também Vice-Presidente da Comissão Especial de Política Ambiental da Câmara dos Deputados.

Era o Vice-Presidente do Instituto de Pesquisas, Estudos e Assessoramentos do Congresso Nacional (IPEAC) e Presidente de várias Comissões Mistas do Congresso Nacional.

Desempenhou Aureliano Chaves muito outros elevados cargos, como: Representante do Brasil na Conferência Sobre Energia Nuclear, em Viena (Áustria), em 1967; Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Energia Nuclear; Pela Câmara dos Deputados em 1974 foi oficialmente designado para saudar o General Ernesto Geisel pela posse deste militar como Presidente da República; Membro do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas; Membro do Comitê Nacional de Grandes Barragens. Pela Assembléia Legislativa, foi eleito (a pedido de Ernesto Geisel, segundo a Imprensa mineira), Governador de Minas Gerais de 1975 a 1978. Referindo-se a Aureliano Chaves, diz o jornal "ESTADO DE MINAS" de 02-05-2003: "Na década de 70, teve atuação destacada em comissões técnicas do Congresso, em especial aquelas ligadas ao setor de energia. Tomou-se interlocutor do então presidente da PETROBRÁS, General Ernesto Geisel. Empossado Presidente da República em 1974, o general indicou-o ao Governo de Minas. Deu racha na UDN: Aureliano rompeu com Magalhães Pinto que apontava o nome de José Monteiro de Castro. De 1975 a 1978 governou Minas. Com a bênção de Geisel, afastou-se do Palácio da Liberdade, para, em 1979, assumir a Vice-Presidência da República. Teve uma relação conturbada com o Presidente João Baptista de Figueiredo". Geisel, na realidade, se entusiasmou com o seguro e profundo conhecimento de Aureliano em assuntos de energética, de petróleo e de recursos naturais do Brasil para se tomar uma grande nação, e a admiração pela alta cultura que encontrou no mineiro de Três Pontas foi o que o levou a indicá-lo para o governo de Minas e para a Vice-Presidência da República, que o fazia não por simples simpatia ou amizade, mas por encontrar em Aureliano Chaves o homem capaz de trabalhar conscientemente para a grandeza da Pátria.

Assim, pois, a pedido de Ernesto Geisel (muito respeitado e admirado pelos colegas militares), foi Aureliano o indicado para Vice-Presidente da República na gestão João Baptista de Figueiredo, que, embora não sendo o três-pontano o candidato de sua opção, aceitou-o para não desgostar o velho e dileto amigo Geisel. "Figueiredo morreu odiando o Vice-Presidente que Geisel escolheu para ele" - diz o jornal "ESTADO DE MINAS" de 02-05-2003. E mesmo inimigo, Aureliano o substituíra interinamente várias vezes no Palácio do Planalto. "Doente, o titular teve de se licenciar várias vezes", deixando a Presidência ao Aureliano - informa o mesmo jornal.

Aureliano era Membro da Academia Mineira de Letras. Escreveu vários trabalhos, destacando-se estudos técnicos ou científicos, entre os quais Máquinas Elétricas, Linhas de Transmissão, Energia Nuclear Educação e Desenvolvimento e Política Econômica dos Governos da Revolução.

Foi Antônio Aureliano Chaves de Mendonça o Ministro de Minas e Energia do Presidente da República José Samei (1985-1990).

Com os então senadores Marcos Maciel, José Samey, Jorge Konder Bomhausen e Guilherme de Figueiredo, o Vice-Presidente Aureliano Chaves fundou o Partido da Frente Liberal (PFL), do qual ele próprio, Aureliano, foi o Presidente de Honra.

Aureliano realizou algumas viagens ao exterior. Foi aos Estados Unidos e ao México em pesquisas dos novos métodos adotados na educação e modernidade na vida escolar, quando Secretário da Educação de Minas Gerais. Quando Ministro, visitou os principais centros de estudos nucleares da França, Alemanha e Estados Unidos. E aos EUA novamente, a convite do governo americano, quando Vice-Presidente da República.

Aureliano Chaves recebeu as mais honrosas Medalhas e Condecorações das mais altas instituições e entidades, civis, militares, governamentais e políticas.

Em 1989 o PFL lançou a candidatura de Aureliano Chaves à Presidência da República. Os mais votados, então, foram Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, que retomaram às umas, em 2º turno, vencendo Fernando Collor. A tentativa de Aureliano foi inteiramente frustrada, pois "alcançou menos de 1% dos votos do 1º turno" (Enciclopédia Larouse Cultural, 18º volume, pág. 4467) Até mesmo a maioria dos três pontanos foi desfavorável ao conterrâneo. Aureliano Chaves tinha cultura e visão política mais que bastante para um estadista de renome. Faltou-lhe, porém, a popularidade, a qual o Lula tinha de sobra, embora patentemente despreparado para o cargo. Se ao governo do Estado e à Vice-Presidência da República Aureliano não chegou por vontade popular, quis ele apagar essas injúrias ditadoriais em sua trajetória política alcançando a Presidência da República por decisão das umas, mas estas lhe foram adversas. "Apesar de ter feito sua carreira política dentro do regime militar, foi sempre um homem democrático e nacionalista, que sempre defendeu os interesses de Minas e do Brasil" - disse Mauri Torres. Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais ("ESTADO DE MINAS" de 02-05-2003).


Em Itajubá, o corpo de Aureliano foi levado para a Matriz de N. S. da Soledade, onde o Pe.  João José de Almeida celebrou a Missa de Corpo Presente. (Foto reproduzida do jomal "ESTADO DE MINAS" de 02-05-2003)

Após a derrota no pleito de 89, Aureliano Chaves, sobremaneira decepcionado com as opções do eleitorado, tomou firme decisão de não mais se candidatar a cargo nenhum. Poderia, sim, ainda preocupar-se com as umas caso o filho fosse indicado, por algum partido, para disputar uma curul na Assembléia Legislativa. Aí, então, entraria com sua força para ele, não para si mesmo. Foi o que revelou ao jornal "O GLOBO" (edição de 20-02-1990), que estampava o seu retrato a cavalo, como um cowboy, em sua fazenda (foto que aqui estamos reproduzindo), quando então declarou ao repórter que renunciara, de vez, a política, e que, desde então, estava cuidando de "melhorar o gado e as suas plantações de café".

Antônio Aureliano Chaves de Mendonça morreu às 12h 35 min de 30 de abril, em Belo Horizonte, por falência múltipla de órgãos, no Hospital SOCOR da capital mineira, onde estava internado desde o dia 14 de abril. Dia antes havia sofrido uma cirurgia numa perna para a correção de problemas circulatórios.

O Senador Marco Maciel (segundo noticiou o jornal "ESTADO DE MINAS" de 02-05-2003), que fez uma visita ao Aureliano Chaves cerca de dois meses antes da morte do três-pontano, quando este se encontrava no Hospital Sarah Kubitschek, afirmou que a morte de D. Minervina (Dona Vivi), ocorrida em 11-10-2002 "contribuiu para o falecimento prematuro do marido". O próprio Aureliano revelou-lhe, então, "que estava muito triste com a morte da companheira". E lamentou o ex-Governador de Minas ao Senador Marco Maciel: "Isso alterou substancialmente o horizonte de minha vida".

O corpo de Aureliano Chaves foi levado para o Palácio da Liberdade de Belo Horizonte, onde foi velado, e ali recebeu a visita de todas as altas autoridades. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, foi representado pelo seu Vice Clésio Andrade. Na manhã seguinte foi levado para Três Pontas, sua cidade natal, onde foi também velado, e onde, na matriz de Nossa Senhora d'Ajuda, foi celebrada a missa de corpo presente.

Em seguida, o féretro do ex-Govemador e ex-Vice-Presidente da República veio para Itajubá, onde, na Matriz de Nossa Senhora da Soledade, o Padre João José de Almeida celebrou uma segunda missa de corpo presente, levado em seguida o corpo para a nossa necrópole, onde Aureliano foi sepultado no mesmo jazigo da esposa, conforme seu desejo.

A imprensa mineira salientou o descaso do Governo Federal para com a memória de Antônio Aureliano Chaves de Mendonça, ex-Vice Presidente da República, ex-Ministro, ex-Deputado Federal. O Palácio do Planalto ignorou a morte deste Presidente em várias ocasiões. Não houve decretação de luto oficial, assim quebrando uma velha tradição de manifestação de pesar nacional, ficando esquecido o Decreto 70.274. O Pavilhão Nacional não flutuou, à meia haste no seu aceno pungente e significativo do adeus. Não houve representação oficial de Brasília, nem se ouviu uma palavra da Presidência que delineasse a personalidade, o civismo, os méritos patrióticos do homem que a Nação acabava de perder!...

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