PERSONALIDADES MARCANTES
CIPRIANO FERREIRA (Supri)
( 04-02-1914   15-04-1955)

Cipriano Ferreira foi um artistas da tesoura e do pano que, se sua profissão sumiu do ateliê e foi para as oficinas das grandes indústrias.

Nasceu em Cristina. Era filho de Honorato José Ferreira e de D. Honária Maria da Conceição. Tinha poucas horas de vida quando sua mãe morreu, e ele foi criado por sua bondosa madrinha D. Benedita. Era ainda muito jovem quando veio para Itajubá, passando a morar com seu irmão mais velho, o famoso marceneiro, escultor e entalhador, que trabalhou por muitos anos em Itajubá, o notável toreuta João Honorato Ferreira.

João Honorato, o irmão mais velho de Cipriano, produzia lavores de torêutica em madeira. Em 1921 veio para Itajubá, passando a trabalhar na oficina de Rafael Barone, na qual se especializou em marcenaria de luxo, passando, em seguida, a trabalhar em móveis artísticos nas oficinas de Simões Lemer. Trabalhou também na Empresa Industrial Pereira Rennó, quando entalhou todos os ornatos dos dormitórios do Grande Hotel, e também as obras artísticas (balcões, guichês, lambris, etc.) do Banco de Itajubá. João Honorato revelou-se um genial entalhador. Foi o autor do belo painel em madeira, em relevo de notável perfeição, do deus mitológico Apoio, o Febo, deus da poesia, da música, das artes, de pé, na sua biga, chicoteando os quatro cavalos em disparada pelo Olímpo, as duas duplas de corcéis do carro do Sol, encantador painel este que adornava a bilheteria do Cine-Teatro Apoio. Na mesma época, João Honorato fez um retrato do escritor Humberto de Campos, em quadro de pequena dimensão, que lhe emprestou fama e admiração. O autor desta sinopse biográfica possui algumas pequenas obras de arte de Honorato entre as quais, um Crucifixo e a miniatura, em madeira, do chafariz de pedra de Cristina, obra dos escravos (relíquia arquitetônica que os cristinenses conservam, existente no adro de sua igreja matriz). O culto frade D. Marcos Barbosa, membro da Academia Brasileira de Letras (também cristinense), levou esse exímio artista para o Rio de Janeiro, incumbindo-o de restaurar peças de arte do Mosteiro de São Bento. E João Honorato Ferreira lá trabalhou por alguns anos no Mosteiro carioca. Residiu, no Rio de Janeiro, em Cascadura.

Cipriano Ferreira permaneceu em Itajubá, também notável artista, porém, da tesoura e do pano, já dissemos, em vez do buril, do formão, da goiva em obras de madeira. Aprendeu o ofício na Alfaiataria Salomon (de Lazinho Salomon, como assim era conhecido), passando, logo depois, para a Alfaiataria Ricca, do bom e saudoso imigrante italiano Francisco Ricca, o estimado Chico Ricca. Foi quando aprendeu o famoso corte Ladefezze.

Cipriano Ferreira, conhecido pelo apelido de SUPRI, foi um dos mais competentes alfaiates do Itajubá de ontem. Montou seu ateliê no então Beco do Goiabal (hoje Rua Justino Paulistano de Olivas). A grande enchente de 1945 destruiu seu ateliê e sua casa. Transferiu sua Alfaiataria para a casa de Nº 42, da rua José Joaquim, de propriedade da família de sua esposa. Ensinou o oficio a muitos aprendizes. Seu lema, endereçado especialmente aos colegas de profissão: "Melhor cose, quem melhor alinhava".Cipriano Ferreira

Casou-se em 28-09-1942 com D. Geralda Santana (08-02-1913; 16-05-2001), e desse enlace nasceram os filhos Décio, Dartom, Joana Maria e Dinná Terezinha. D. Geralda era filha de Francisco Joaquim de Santana e de D. Joana de Paula Barbosa. Trabalhou no então "Grupo Escolar" Cel. Carneiro Júnior, quando diretor Jorge de Bouchervile, Nenzinha Mello e Gasparina Maia, aposentando-se após 30 anos de serviço. Muito religiosa, pertencia ao Apostolado da Oração e da Irmandade de São Benedito. Morrendo o marido ainda jovem, e ficando viúva com 4 filhos para criar e educar, D. Geralda Santana foi mãe exemplar e heroína, cumprindo dignamente a missão materna que Deus lhe confiou.

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