PERSONALIDADES MARCANTES
JOSÉ DE ALMEIDA CUNHA JÚNIOR
( 1850   1931)

Duplamente pioneiríssimo na História de Itajubá, José de Almeida Cunha Júnior, de nacionalidade portuguesa, que aqui morou na última década do século XIX e nos primeiros anos do século XX, era casado com D. Laurinda de Jesus Almeida.

Em Itajubá nasceram os filhos Ermelinda (1891), Mário (1895), João (1897) e Carmem (23-09-1900).

Montou ele na Praça Adolfo Olinto (esquina das atuais ruas Cel. Francisco Braz e Américo de Oliveira), o seu divertido SALÃO JAPONÊS, assim denominada sua casa de diversões, com inúmeras atrações, que não vamos aqui enumerar por exigüidade de espaço.

Na fotografia que aqui apresentamos mostra a casa do SALÃO JAPONÊS tal como era no tempo do Sr. Almeida Cunha Júnior, anos depois substituída pelo prédio no qual Paulo Carneiro instalou a sua casa comercial.

Pois foi nessa casa que os itajubenses, pela primeira vez, ouviram a voz humana gravada, como também a música reproduzida em disco pelo gramofone. Foi um sucesso estrondoso, de deixar embasbacados alguns de nossos conterrâneos, que consideravam o "fenômeno" como coisa inacreditável"! Gente da mais alta sociedade itajubense, circunspetos e graves senhores, dignas matronas e senhoritas, todos sobremodo extasiados, não escondiam o arrebatamento por que passavam ao ouvirem o tenor Carlos Cafeta interpretando a Cavalaria Rusticana, o solo de flauta de Papillons por Foutbonne, a Marselhese ou um dobrado pela Banda Ettore Fiaramosca...

O outro pioneirismo de José de Almeida Cunha Júnior foi na apresentação do cinema. Foi no SALÃO JAPONÊS que os itajubenses, pela primeira vez, assistiram a uma projeção cinematográfica. Eram filmes curtos, de apenas poucos metros, e com projetor iluminado com lanterna a querosene.

A primeira sessão de cinema em Itajubá foi por ele realizada em 22-05-1903. Nossos conterrâneos então assistiram aos seguintes filmes: "Dom Carlos e seu Estado-Maior passando revista às tropas", "Uma carga (sic) da cavalaria cubana", "O Monitor Chicago entrando em Santiago", "Carros de verão de Lisboa e Cintra", "O distraído e o garoto", "Combate de artilharia no Transvaal", "Cavalaria cubana em marcha', "O cruzador espanhol Viscaya", "Dança de soldados espanhóis depois de uma vitória".

No ano seguinte um tal Lila fez umas exibições no Teatro Santa Cecília. O primeiro empresário a se estabelecer com cinema em Itajubá foi o espanhol José Martins Garcia, na Praça que hoje tem o nome de Theodomiro Santiago, no prédio que posteriormente foi o Bar Acadêmico, hoje substituído por edifício de vários pavimentos.

José de Almeida Cunha Júnior foi pessoa muito estimada pelos itajubenses. Era ótimo ator teatral. Era o Vice-Presidente do Clube Dramático Culto à Arte, em 1891. Foi um dos sócios fundadores do Clube Itajubense, em 1897. Aclamado membro do Conselho Fiscal do Centro Operário D. João Nery, ao ser fundada essa instituição em 01-11-1901. Junto ao SALÃO JAPONÊS também estava instalada sua loja de fazendas, chapéus, luvas, calçados, leques, espartilhos, etc. Em 1904 voltou para sua pátria, indo morar na Rua Álvaro de Castelões, 182, no Porto.

O saudoso Dr. José Ernani de Lima, em "O Sul de Minas" de 24-12-1983, publicou uma extensa e excelente crônica sobre José de Almeida Cunha Júnior, seu grande amigo, em que relata muitos outros pormenores sobre esse memorabilíssimo pioneiro do passado de Itajubá.

Seu falecimento ocorreu em portugal no ano de 1931.

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