PERSONALIDADES MARCANTES
MIGUEL GARCIA VELHO
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(Séculos XVII e XVIII)

A História de Itajubá começa em Miguel Garcia Velho, o qual Geraldino Campista informa pertencer a uma família "da mais alta nobreza de Portugal", com "direito a brasão de armas" que simboliza três famílias: - a dos Velhos, dos Mellos e dos Cabrais.

O historiador de Delfim Moreira descreve esse brasão com as simbolizações heráldicas desse tríplice vínculo de realeza. Pois os Velhos pertencem à muito antiga tradição lusitana já encontrada em Álvaro Velho, escudeiro do rei D. Manuel I e companheiro de Vasco da Gama no descobrimento da índia, irmão de Gonçalo Velho Cabral, o descobridor dos Açores.

Esses Velho Cabral estiveram aqui pela nossa região, inclusive o bandeirante Lourenço Velho Cabral, que aparece como pessoa muito influente assinando Atas que documentam divisas de Minas Gerais e São Paulo, quando essas capitanias em 1720 se separaram.

O rio Lourenço Velho tem esse nome em homenagem a ele, Lourenço Velho Cabral, pois foi um dos pesquisadores de ouro deste vale distrital de Itajubá. A família Velho, aqui em nossa região, era constituída de intrépidos e poderosos sertanistas brasileiros e portugueses, empenhados todos em mineração de ouro e diamantes, entre os quais os destemidos arrivistas que assinavam Jorge Velho (Domingos, Salvador, Francisco, Simão Jorge Velho), e Antônio Rodrigues Velho, Domingos Rodrigues Velho, Francisco Dias Velho e outros (ver "História dos Bandeirantes Paulistas", 2 volumes e mapa, de Affonso de Escragnolle Taunay).

Portanto, dois destes bandeirantes estão ligados à História de Itajubá: Lourenço Velho Cabral, já lembrado, legítimo descendente de "Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil" - assim informa Geraldino Campista e Miguel Garcia Velho, o fundador de Nossa Senhora da Soledade de Itagybá.

O Sargento-Mor Miguel Garcia Velho nasceu em Taubaté. Era filho de Jorge Dias Velho e de Sebastiana Unhatte. Casou-se com Leonor Portes Del-Rei, filha de Antônio Dias de Godoy e de Francisca Vieira de Almeida. De seu casamento com Leonor Portes Del-Rei, o Sargento-Mor Miguel Garcia Velho teve dois filhos ilustres: Isadora Portes Del-Rei, casada com Francisco de Godoy de Almeida, escrivão das minas de Itagybá, e o Padre Francisco Homem Del-Rei.

O Padre Lourenço da Costa Moreira usou da antiga Itagybá como um trampolim para fundar a nossa Itajubá; o Sargento-Mor Miguel Garcia Velho foi o fundador desse trampolim, 116 anos antes do Padre Lourenço. Deste modo, Miguel Garcia Velho tornous-e o co-fundador de Itajubá.

Achamos oportuno aqui relembrar o vulto histórico de Miguel Garcia Velho porque a aprazível cidade de Delfim Moreira (que é a primitiva Itagybá), que ele fundou em 1703, estará comemorando três séculos de fundação.

SALVE, DELFIM MOREIRA, que em 2003 completou TREZENTOS ANOS DE EXISTÊNCIA!

Mas, nobres delfinenses, por que Delfim Moreira? Sem um mínimo de desdouro para com a memória do honrado e grande Delfim, cuja envergadura moral e hombridade botariam no chinelo 98% dos homens da política atual, não nos parece, contudo, que seu vulto tenha afinidade de montacom o passado da Itagybá de Garcia Velho... O preclaro estadista Delfim Moreira da Costa Ribeiro nasceu em Cristina, na fazenda da Pedra, e passou a morar em Santa Rita do Sapucaí onde está sepultado. No entanto, há três séculos, depois de estar, desde 1696, nas minas do Caxambu (Caxambu era designação que os escravos davam a qualquer morro alto e pontiagudo, como o Pico dos Marins), Miguel Garcia Velho chegou à cachoeira que os índiosdenominavam Itagybá, e nas suas proximidades fundou o povoado de Nossa Senhora da Soledade do Itagybá, que é o primeiro arraial de que se tem notícia na história da Jaguamimbada (primeiro nome da Mantiqueira).

Pois a hospitaleira urbe serrana, pelos seus 300 anos de existência e pelo pioneirismo na história da imensa cordilheira interestadual; e porque foi dessa altaneira cidade que começou a civilização de toda a encosta da serra do lado mineiro; e porque foi esse tricentenário berço o marco itinerário e orientador dos viajores que transpunham a gigantesca muralha em busca do ouro e das pedras preciosas no interior de Minas Gerais; e porque foi sob o teto dessa póvoa, há três séculos fundada, que se abrigavam os forasteiros impelidos pela auricídia; e porque foi com a fé dos moradores da Itagybá de Miguel Garcia Velho que ali se construiu o primeiro templo cristão da vertente mineira de toda a antiga Jaguamimbaba; e, finalmente, porque o lugar, que hoje tem por topônimo o nome de Delfim Moreira, é a mais tradicional cidade de toda a Mantiqueira, deveria, com mais propriedade, chamar-se MANTIQUEIRÓPOLIS!

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